No Brasil o casal perfeito faz sucesso entre a garotada, mas o consumo em excesso pode ser prejudicial
Para o mercado de chocolates, a Páscoa é o maior evento do ano. Segundo o Diário do Comércio, a expectativa da indústria é ir além das vendas no período anterior à pandemia já que agora o comércio está totalmente reaberto e muito mais atrativo, principalmente para as crianças, foco principal do marketing nessa época do ano.
Uma pesquisa encomendada ao Instituto Kantar mostra que a indústria de chocolate produziu 511 mil toneladas de janeiro a setembro de 2021, um crescimento de 44%, quando comparado com o mesmo período de 2020.
É muito chocolate, não é mesmo?
Mas quando chega em casa posso dar chocolate para o meu filho? Qual é a porção correta, se é que existe, e qual tipo de chocolate é mais ¨saudável¨ para ingerir? Vale chocolate todos os dias durante a páscoa?
Há famílias que já incluem o chocolate na dieta da criança ainda bebê, o que podemos ver em vários perfis de redes sociais: lindos bebês rechonchudos lambuzados do doce. E quase 100 % desses cliques são de chocolates ao leite, os que são mais vendidos por serem os mais gostosos e também mais gordurosos, ¨Raramente vamos ver uma criança consumindo o chocolate de 70% a 80% de cacau, que é o ideal para qualquer ser humano. O chocolate ao leite pode causar problemas gastrointestinais, diarreia aguda por exemplo, porque o organismo da criança ainda está em formação. Além disso, nessa fase a criança está amadurecendo o seu paladar, a ingestão de açúcar, de qualquer natureza, seja nos alimentos processados, na forma de açúcar branco, mascavo, rapadura, podem determinar o paladar de uma vida inteira¨, ressalta Dra. Valéria Goulart, nutróloga.
Mas se a criança já tem o paladar voltado para o doce, os pais precisam regrar o consumo, não oferecer todo dia, e quando oferecer, procurar não ultrapassar o limite de ingestão diário de 25g, ou seja, o equivalente a dois quadradinhos de uma barra de 300g, ou duas colheres de sopa de chocolate em pó, por exemplo.
Dra. Valéria acrescenta que o ideal, diante de uma insistência significativa da criança, seria oferecer chocolate puro cacau e doces a base de cacau 80%, minimamente adoçado. “Se a criança está acostumada a este tipo de doce, será muito mais fácil manter um adolescente e adulto no futuro com uma dieta mais saudável, inclusive porque o chocolate 80% faz bem à saúde, porque ele é rico em flavonoides, que é um poderoso antioxidante, no cérebro ele vai atuar favorecendo a concentração, prevenindo doenças degenerativas e até mesmo o Alzheimer¨.
Mas afinal, o chocolate faz bem à saúde ou não?
A resposta não é tão simples assim, muitos estudos apontam que quanto menor gordura e açúcar ele tiver na sua composição menos afetará a saúde de uma pessoa.
De acordo com uma pesquisa publicada no European Journal of Preventive Cardiology, jornal da Sociedade Europeia de Cardiologia, o chocolate ajuda a manter os vasos sanguíneos do coração saudáveis. Os pesquisadores realizaram uma análise combinada de estudos das últimas cinco décadas examinando a associação entre o consumo de chocolate e a doença arterial coronariana, que é o bloqueio das artérias coronárias, “Os flavonoides são um importantíssimo antioxidante e anti inflamatório que atua diretamente nas células, aumentando a imunidade, impedindo o envelhecimento; no cérebro favorece os neurotransmissores. Auxiliando, na velhice, a combater a demência. Além disso, o chocolate possui polifenóis, que também são antioxidantes.”, acrescenta a nutróloga.
O chocolate inclusive pode melhorar o humor, então aquela coisa de chocolate e TPM é verdade sim! No geral, ele possui aminoácidos que estimulam o cérebro a produzir os hormônios da felicidade, como serotonina, endorfina¨, confirma a cardiologista Dra. Nicolle Queiroz. Porém, através de um consumo consciente, pois não adianta comer uma caixa inteira de chocolate meio amargo, porque o valor nutricional dele é alto, ou seja, ele engorda também!
É preciso ficar atento principalmente em épocas, como essa, de páscoa onde o consumo de chocolate costuma ser maior que em outros meses do ano. Muitas vezes durante a páscoa, os pais sempre liberam o chocolate para os filhos com a desculpa que ¨na páscoa pode¨. Mas, novamente sinalizamos que tudo em excesso é prejudicial.
Cuidado com o excesso!
No caso do chocolate os pais devem ficar atentos a qualquer alergia que a criança possa ter aos componentes, como o leite por exemplo. Outro risco é a ingestão exagerada de gordura presente que pode causar diarreia, vômitos, dor de barriga devido aos gases, e em casos mais graves até a desidratação. ¨Muitos pais relatam que as crianças ficam eufóricas quando consomem doces, e isso é verdade, porque o açúcar e o chocolate são estimulantes, inclusive atrapalham o sono da criança, então deve ser evitado oferecer o alimento no período noturno¨, aconselha a Dra. Valéria, que também sugere que a família monte um kit de presente, talvez com um brinquedo ou uma pelúcia que irá tirar a atenção do doce, coloque porções menores de chocolate e mescle com o chocolate de 50 % ou 70%. ¨Deixe o presente colorido e atrativo, que com certeza a criança não vai sentir falta daquele ovo de 1kg¨.
Mas se houver um exagero nos ovos de páscoa, é importante que as crianças bebam muita água para limpar o organismo e, se por acaso, tenha havido algum problema gastrointestinal, frutas e carnes magras ajudam a recompor a flora.
É importante lembrar que passando a páscoa essa preocupação do consumo excessivo do açúcar por parte das crianças deve ser uma constante questão dentro de um lar já que esse ingrediente pode levar uma pessoa, ainda na infância a obesidade, ao sobrepeso, ao aumento do colesterol, a hipertensão, e até mesmo a diabetes.
¨O excesso de açúcar sobrecarrega o pâncreas, que tem que trabalhar mais para produzir mais insulina que é o responsável em quebrar as moléculas de açúcar no corpo, e transformá-las em carboidratos que vai se depositar na forma de gordura. A insulina é responsável em manter os níveis de glicose no sangue, quando alterada, o nível de glicose alto, ou seja, quando o pâncreas não consegue produzir o suficiente para “organizar” o funcionamento do corpo, é aí que o organismo desenvolve a diabetes tipo 2, que a diabetes adquirida, justamente pela má alimentação¨ lembra Dra. Nicolle. Se uma criança não consome frutas, verduras, não faz atividade física e tem sobrepeso, a chance de se tornar um adulto obeso e portador de diabetes é altíssimo.
A Páscoa chegou!
O equilíbrio é a palavra chave. Combine com a família de não encher a criança de ovos de chocolate. Faça uma brincadeira pela casa de caça aos ovos, sendo que o prêmio da família seja um único presente. Quebre o ovo em pequenos pedaços e ofereça aos poucos para a criança. A euforia do dia, abrir todos os ovos de uma só vez não é legal. A criança vendo tudo a sua disposição vai querer consumir de uma vez. A mamãe deve guardar e oferecer a quantidade ideal de ingestão diária aos poucos. Na sobremesa, no lanche da tarde… e ensinar a criança que não precisa comer o ovo inteiro de uma vez, porque assim não terá para os dias seguintes. Tudo deve ser feito com base na negociação e diálogo.
A psicóloga Adriana Severine finaliza com uma dica valiosa, “se o seu filho nunca comeu chocolate ou açúcar, tente não oferecer. Ele, com certeza, não vai sentir falta daquilo que ele não conhece! Muitas vezes a vontade de presentear com ovos de páscoa faz mais parte dos anseios da família do que da própria criança”.
Feliz Páscoa!!!
Dra. Valéria Goulart
CRM 76838
Médica Nutróloga com título de especialista pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Especialista em Medicina Estilo de Vida (Life Style) pela Universidade de Harvard (EUA). Especialista em Medicina Esportiva pela UNIFESP/SP. Pós graduada em medicina do Envelhecimento/Geriatria pela Universidade de Medicina de Sevilha/ Espanha. Especialista em Endocrinologista Pediátrica pela UNIFESP/SP. Pediatra com titulo de especialista da Sociedade Brasileira de Pediatria
Contatos para divulgação:
Instagram: @doutoradieta
Dra. Nicolle Queiroz
CRM 151348/ RQE 78584
Diretora clínica na Clinica Dra. Nicolle. Médica pela Universidade de Mogi das Cruzes. Cardiologista pela Santa Casa de São Paulo, Título de especialista em cardiologia pela SBC/AMB. Aprimoramento em cardiologia do Esporte pelo instituto Dante pazzanese/Idpc. Aprimoramento em clínica médica pelo hospital IGESP/IBEPEGE. Cardiologista no Hospital São Camilo. Membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein e Hospital São Luiz. Coach de alta performance, treinadora de corações ansiosos por transformações e mudanças de vida, Dra. Coração!
Contatos para divulgação:
Instagram: @dranicolle / @clinicadranicolle
Adriana Severine
CRP 06/121052
Psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental. Dirigiu um departamento de Recursos Humanos por duas décadas, onde se destacou por sua empatia e sensibilidade ao atender os mais diversos perfis e profissionais de diferentes níveis hierárquicos. Com uma visão positiva para a vida, busca despertar em seus pacientes sentimentos agradáveis e toda energia para desfrutar a vida com o que ela há de melhor, mesclando as abordagens cientificas com leveza e altas doses de encorajamento aos seus pacientes.
Contatos para divulgação:
Instagram: @adrianaseverine
Comments